sexta-feira, 26 de junho de 2015

28 DE JUNHO DE 1914... E O MUNDO NUNCA MAIS FOI O MESMO



     Aos 85 anos de idade, o Imperador da Áustria, Francisco José estava com sua saúde comprometida. Não faltaria muito para que seu herdeiro, Francisco Ferdinando, assumisse o trono do Império Austro-Húngaro.
     Uma intensão do herdeiro austríaco era ampliar sua coroa dual (Áustria e Hungria) para uma coroa trina, que incluiria os eslavos balcânicos. Para tanto, seria necessário sujeitar o nacionalismo daqueles pequenos Estados eslavos.
     Desde 1814, o Congresso de Viena redesenhou o mapa geopolítico da Europa, nele surgindo os grandes impérios vencedores de Napoleão, fazendo emergir a Europa de Metternich, conservadora, que tentou varrer o liberalismo do continente.
     Contudo, as Revoluções de 1815, de 1820, de 1848, foram impulsionadas pelo liberalismo e pelo nacionalismo e, a partir de 1848, do socialismo. No caso dos eslavos, a grande força era, sem dúvida, o nacionalismo, o pan-eslavismo, apoiado pelo Império Russo, interessado no livre trânsito de seus navios pelos estreitos de Bósforo e de Dardanelos.
     Naquele 28 de junho de 1914, os eslavos da Sérvia relembravam o aniversário da Batalha de Kosovo, de 1389, na qual os cristãos eslavos foram derrotados pela expansão muçulmana dos turcos, que ocuparam a Península Balcânica.
     Naquele 28 de junho, o herdeiro austríaco, Francisco Ferdinando não deu ouvidos aos seus auxiliares e agiu sem o mínimo de prudência num palco balcânico explosivo. Decidiu ir a Sarajevo, na Bósnia, cuja população nacionalista pró-Sérvia via os austríacos como inimigos, dominadores.
     Levava consigo sua esposa, a Condessa Sofia Chotek. Estre os bósnios e sérvios, resistentes aos austríacos, formaram-se muitas sociedades secretas, uma nacionalistas, outras anarquistas. A Jovem Bósnia e a Mão Negra eram duas delas e tramaram a execução de Francisco Ferdinando. Para alguns analistas, o amadorismo dos executores do plano só não foi menor que o despreparo das autoridades austríacas na Bósnia. “... os rapazes da Jovem Bósnia se armaram e foram esperar o arquiduque nas ruas de Sarajevo. Quando este, com sua esposa e demais membros da comitiva, dirigia-se ao edifício da Câmara Municipal, um primeiro conspirador não conseguiu tirar o revólver do bolso porque havia muita gente ao seu redor; o segundo entrou em pânico e nada fez; o terceiro teve pena da esposa do potentado austríaco. Por sua vez, o quarto foi para casa e o quinto, um tipógrafo chamado Cabrinovich, lançou uma bomba que não atingiu o alvo, sendo preso. O último conspirador, ouvindo a explosão, achou que o atentado obtivera êxito e abandonou o local. Ao ver passar o cortejo, compreendeu que a conspiração falhara. Desapontado, sentou-se à mesa de um café.
      Depois da recepção na sede da Municipalidade, o Arquiduque (...) voltou a percorrer as ruas da cidade, passando em frente ao café onde se encontrava o sexto conspirador, cujo nome era Gavrilo Prinzip. Este, surpreso em se ver bem defronte ao carro aberto que levava o Arquiduque e sua esposa, Deixou o salão do café, pisou no estribo da carro e sacou de seu revólver. Um policial percebeu as intenções do jovem estudante e procurou sua mão, quando foi atingido por um golpe de alguém que estava perto. Prinzip disparou contra o Arquiduque; em seguida, apontou para o general Potorek, atingindo a Condessa Sofia.
     Meio-dia de 28 de junho de 1914: o casal imperial estava morto. (RODRIGUES, Luiz Cesar B. A Primeira Guerra Mundial. São Paulo. Atual. 1988)
     A Grande Guerra seria iniciada a seguir. Desmoronaria definitivamente a Europa do Congresso de Viena. A Europa ainda continuaria a ser uma estrela, mas perdendo seu brilho. Tio Sam dava os primeiros passos para o domínio planetário. E o mundo nunca mais foi o mesmo.