domingo, 8 de junho de 2014

ETAPAS HISTÓRICAS DO CAPITALISMO

E                       ETAPAS HISTÓRICAS DO CAPITALISMO

     A crise estrutural do feudalismo proporcionou o surgimento de novas relações sociais de produção que formaram um novo modo de produção, o capitalismo, antítese do modo de produção feudal.

     O que define o modo de produção feudal são as relações servis de produção. No feudalismo, a economia era rural, fechada, a produção era consumida no próprio local, o feudo, e não havia estruturalmente a produção de excedentes. O trabalhador era o proprietário dos meios de produção, em sua oficina doméstica. A sociedade era estamental, baseada no nascimento, e os estamentos fundamentais eram o dos senhores e o dos servos. O poder político estava pulverizado, nas mãos dos senhores feudais, e não nas do rei, ou seja, a monarquia feudal era descentralizada. Entre os senhores, havia a relação de suserania e vassalagem, uma intrincada rede política que esvaziava o poder do rei.

     O que define o modo de produção capitalista são as relações assalariadas de produção. Na Antiguidade Clássica (Grécia e Roma), já havia propriedade privada, lucro monetário, acumulação de capital móvel, mas a força de trabalho definidora do sistema era escravista, não assalariada. Por isso, não havia capitalismo. No capitalismo, o trabalhador deixou de ser o proprietário dos meios de produção, recebendo apenas um salário como pagamento de sua força de trabalho. A produção é destinada ao mercado, onde é colocada em busca de lucro monetário. A sociedade é formada por classes, definidas pela renda, e não mais pelo nascimento. As classes definidoras da sociedade são a burguesia, proprietária dos meios de produção de capital e o proletariado, proprietário da força de trabalho, vendida ao capitalista em troca de um salário. Quanto ao poder político, na Idade Moderna era absolutista, centralizada no rei e, depois das Revoluções Burguesas, liberal, quer na forma republicana, quer na forma monárquica.

O PRÉ-CAPITALISMO (SÉCULO XII AO XV)


    O feudalismo entrou em crise estrutural. A busca de saídas para essa crise desembocou em novas relações, típicas do Renascimento Comercial e do Renascimento Urbano. O êxodo rural, a reabertura do Mediterrâneo ao comércio europeu, o nascimento da burguesia, as feiras, os polos de comércio, as rotas comerciais e o uso da moeda como instrumento de troca conviviam com estruturas feudais, como o trabalho servil, ainda dominante. Contudo, nas oficinas domésticas, os mestres de ofício, em épocas de aumento da procura, contratavam artesãos que trabalhavam por jornada (os jornaleiros), que recebiam pagamentos diários em dinheiro. Assim se originaram os assalariados.

O CAPITALISMO COMERCIAL (SÉCULO XV AO XVIII)

     A crise do século XIV, marcada conjunturalmente pela guerra, pela peste e pela fome foi uma crise de retração. Mas, no século seguinte, ocorreu o inverso, a crise de crescimento. A população voltou a crescer, assim como a necessidade de mercados produtores de matérias primas tropicais, insumos e metais amoedáveis. Se o Renascimento Comercial foi mediterrâneo (século XI ao XV), a Revolução Comercial foi atlântico. A circulação (sinônimo de comércio) de mercadorias tornou-se global, incorporando a América. Na Europa, a servidão entrou em franco retrocesso e o trabalho assalariado se generalizou. Na periferia do capitalismo comercial, ocorreu o renascimento da escravidão, especialmente na América. O Atlântico era a tela emoldurada por África, América e Europa, as duas primeiras como geradoras e a última como acumuladora de capital monetário. Assim, o comércio era a principal fonte de acumulação de capital, subordinando outras atividades, como a agricultura e a manufatura. A centralização política nas mãos do rei (absolutismo) foi estendida à centralização das decisões econômicas (mercantilismo).

O CAPITALISMO INDUSTRIAL (SÉCULO XVIII AO XX)


     A acumulação de capital comercial permitiu que a Inglaterra liderasse a Revolução Industrial. O surgimento da fábrica liquida, num certo prazo, outros tipos de indústrias pré-existentes, como o artesanal e a manufatureira. A transformação (sinônimo de indústria) superou a circulação como fonte geradora de capital. O trabalho assalariado foi universalizado. A produção em alta escala tornou incompatíveis outras formas de trabalho, como a escravidão (ainda existente na periferia do sistema) e a servidão (ainda existente na Europa, centro do sistema). As relações capitalistas de produção, assalariadas, se consolidaram. O longo processo de transição do feudalismo ao capitalismo, iniciado no século XI, chegou ao fim, no século XVIII.


O CAPITALISMO FINANCEIRO OU MONOPOLISTA (SÉCULOS XX E XXI)

     Nos últimos anos do século XIX e especialmente no século XX, as instituições financeiras, como bancos e outras grandes corporações, passaram a dominar completamente o sistema capitalista. O setor industrial, o comercial, o agrícola, o pecuarista, o de lazer, o do turismo, enfim, todos os outros, passaram a depender do setor financeiro. O capital passou a ser a principal fonte de capital. A fusão de empresas e o caráter internacionalizado explicam a existência do capitalismo monopolista, embora, no seu discurso, continue a falar em livre iniciativa, livre concorrência.