domingo, 31 de agosto de 2014

GUERRA DA CRIMEIA (1853/1856)

GUERRA DA CRIMEIA

     Desde o fim da União Soviética, países do antigo bloco socialista da Guerra Fria têm sofrido muitas mudanças, em todos os sentidos. É o caso atual da Ucrânia e de suas relações com a Rússia, com o bloco da União Europeia e com os interesses dos Estados Unidos da América.

HISTÓRIA

     No século XVIII, o Império Russo conquistou a península da Crimeia, no Mar Negro. Para a Rússia czarista, era fundamental ter acesso aos estreitos de Bósforo e de Dardanelos, fundamental para a ligação entre o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo e, a partir deste, chegar ao Atlântico e ao Índico (neste caso, após a construção do Canal de Suez). O Império Russo ampliava seus interesses sobre a Península Balcânica.

     O czar Nicolau I, em 1853, invadiu regiões dominadas pelos turcos otomanos, especialmente na foz do Rio Danúbio, onde hoje é a Romênia. O pretexto russo seria a proteção dos Lugares Santos (Jerusalém), já que o povo russo é cristão ortodoxo e o Império Turco, muçulmano, dominava essas áreas.

     O Império Turco reagiu, declarando guerra ao Império Russo. Estava iniciada a Guerra da Crimeia, que se estendeu de 1853 a 1856. O palco do conflito foi a própria Crimeia, o Sul da Rússia e os Bálcãs.

     Muitos interesses internacionais estavam em jogo, levando as potências europeias neocolonialistas e imperialistas a apoiarem o Império Turco para deter o avanço russo na região. O Reino Unido, da Rainha Vitória, temia que a Rússia tomasse Constantinopla e interrompesse suas ligações com a Índia, sua colônia na Ásia. Napoleão III, da França, tentava consolidar sua hegemonia na Europa Continental. O Reino Sardo-Piemontês, do rei Vitor Emanuel e do Conde Cavour buscavam apoio internacional para seu processo de unificação da Itália. A Áustria temia a expansão russa em regiões por ela dominadas.

     Assim, a Guerra da Crimeia teve, de um lado, o Império Russo, de outro o Império Turco, apoiado pelo Reino Unido, pela França, pelo Piemonte e pela Áustria.

     Derrotada, a Rússia foi obrigada a assinar o Tratado de Paris, em 1856, renunciando às áreas por ela invadidas e sendo proibida de manter sua marinha de guerra no mar Negro.

     A guerra deixou mais de 500.000 mortos. Os interesses de tantos países, inclusive das potências industriais europeias continuaram fortes da região, provocando novos conflitos que se tornaram antecedentes da Primeira Guerra Mundial.

FLORENCE NIGHTINGALE

     Durante a guerra, os aliados promoveram um longo e rigoroso cerco às bases russas em Sebastopol. O cerco durou mais de um ano, até a derrota russa.

     Foi nesse cenário que trabalhou, de 1854 a 1856, Florence Nightingale, uma enfermeira britânica nascida em Florença, em 1820. A “Dama da Lâmpada”, como passou a ser conhecida, tornou-se pioneira em vários tratamentos e levantamentos estatísticos de doenças.


     Por sua ação, é considerada a fundadora da enfermagem profissional e o Dia Internacional da Enfermagem, 12 de maio, é comemorado no dia de seu aniversário.

terça-feira, 29 de julho de 2014

VIAGEM A CUBA

  
  A voz anunciou o pouso em Havana, tempo bom, temperatura elevada. Para nossa surpresa, aplausos, muitos aplausos, aos quais juntamos os nossos.

     Já no taxi, a explicação do motorista:

     - Sim, o aplauso acontece sempre que companheiros cubanos voltam para casa, voltam para a pátria! - Assim começou nossa visita a Cuba.

     No caminho, até o centro de Havana, muitos cartazes, no Brasil chamados de outdoors. Não vendiam tênis, nem batom. Também não anunciavam lançamentos de edifícios de apartamentos, nem de escritórios. Exortavam a Revolução. Por todos os lugares pelos quais passamos, por todas as estradas, por todas as cidades e pequenos povoados, cartazes sobre a Revolução.

     Nossa hospedagem foi em casas de famílias. Em Havana, ficamos em duas delas, outra em Santa Clara e outra mais em Trinidad. Foi importante essa opção, para conhecermos as pessoas, o que fazem, o que pensam, como vivem. Pode haver artificialidade, mas não como são os hotéis, com seus gerentes, seus copeiros, seus porteiros, seus camareiros. Na casa, todas as funções são feitas pelas pessoas da própria família.

     Especialmente em Havana, entre a rua e a casa não há fronteiras, apenas paredes. As pessoas ficam nos balcões ou mesmo na rua, na porta das casas, conversam, discutem, cuidam dos filhos, seus e dos outros.

     Nos edifícios mais antigos – e, quase todos, são muito antigos – a fachada mal tratada esconde um interior surpreendentemente grande, com azulejos decorados nas paredes. Janelas, azulejos e móveis nos remetem aos anos 50 ou 60 do século passado. Com certeza, no mesmo endereço (ou dirección, como eles dizem) havia apenas uma família, antes da Revolução. Hoje, duas ou três compartilham o espaço e ainda é possível hospedar e servir turistas.

     Nas ruas, bicicleta, bicitaxi, cocotaxi, mototaxi, taxi antigo, taxi novo, carruagem puxada por cavalo, ônibus antigo, ônibus novo e carro novo convivem na turbulência urbana com os pedestres. Para o olhar adestrado de um turista, tudo indica que haverá ali, na próxima esquina, um acidente grave. Contudo, como num conto da fada, todos foram felizes para sempre.
Moros e Cristianos


     O café da manhã é farto e simples: frutas, sucos, café, leite, pão, manteiga, goiabada pastosa, uma pequena tortilla. O almoço é mais barato nos restaurantes controlados pelo Estado, mas há muitos lugares particulares. Há pratos deliciosos, do arroz com feijão (“moros y cristianos”) à lagosta (Cuba tem fazendas produtoras), passando pela “ropa vieja”, com carne vermelha desfiada. Particularmente, realizei um sonho iniciado na década de 1970: almoçamos no El Conejito, em Havana. Das frutas por nós desconhecidas, gostamos de uma chamada mamoncillo.

     Estivemos em muitos pontos turísticos em Havana, em Santa Clara e na região entre Havana e Piñar del Rio. Vimos muita terra produzindo arroz e milho e fazendas criadoras de camarão, de lagosta e de pescado. Não vimos canaviais por onde passamos. Não vimos fumo, pois é plantado em outros meses.

     Compramos alguns livros e um álbum de figurinhas sobre a Revolução. Compramos lembrancinhas, como bonés, instrumentos musicais. Paramos em Viñales, em uma finca produtora de tabaco. O charuto é produzido artesanalmente. Tivemos a felicidade de acompanharmos o processo inteiro.

     Fizemos uma viagem de ônibus, de Havana a Santa Clara. Dali fomos de carro a Trinidad e voltamos a Havana de ônibus. Passamos por pequenas povoações e por cidades maiores. Em todas elas, algo em comum: Escola Primária, Policlínica e CDR (Comitê de Defesa da Revolução). Conhecemos uma Escola Primária em Trinidad e uma Policlínica em Havana. Conversamos com alguns cidadãos sobre o CDR, entre eles, um ex-guerrilheiro dos tempos de Che, em Santa Clara.

Memorial a Che Guevara
em Santa Clara
      



 Há uma forte consciência política dos efeitos do bloqueio econômico (que vem desde 1962) e da vitória do povo sobre os invasores contrarrevolucionários na Baía dos Porcos. Há consciência dos avanços na educação, na saúde, nos esportes.


     Mas há também um descontentamento com a situação econômica, com a adoção de duas moedas, uma conversível em moeda estrangeira e outra não. Os salários são pagos em CUP (peso não conversível), enquanto o CUC, que vale aproximadamente 26 CUPs, é a moeda conversível.  A Assembleia Nacional está estudando medidas para a reunificação dessas moedas.

     Novas reformas estão sendo colocadas em prática, como a autorização para a compra e venda de automóveis e de residências e o fim da necessidade de autorização para o cubano sair do país. Outra medida modernizadora é a Lei de Investimentos Estrangeiros em Cuba, regulando a entrada de capital externo nos negócios da ilha.




     Um grande investimento está sendo feito pelo BNDES no porto de Mariel, distante 40 quilômetros de Havana e inaugurado em janeiro de 2014. O Brasil consolida-se como o terceiro maior parceiro de Cuba, atrás da Venezuela e da China. Em Mariel, de estrutura similar às zonas especiais da China, o capital externo aplicado pode chegar a 100%. Como os Estados Unidos da América ainda não derrubaram o bloqueio econômico, outras economias mundiais avançam como parceiros das grandes mudanças em curso em Cuba.

     A liberalização da economia não pode ser confundida com liberalização política. O centralismo de Estado continua, com partido único, o Partido Comunista Cubano.


quarta-feira, 9 de julho de 2014

2014: ELEIÇÕES E PROVAS DO ENEM


Em 2002, a prova do ENEM apresentou alguns textos e uma imagem, tratando de política, de democracia e de eleições.

     Para que existam hoje os direitos políticos, o direito de votar e ser votado, de escolher seus governantes e representantes, a sociedade lutou muito.
     A política foi inventada pelos humanos como o modo pelo qual pudessem expressar suas diferenças e conflitos sem transformá-los em guerra total, em uso da força e extermínio recíproco. (...)
     A política foi inventada como o modo pelo qual a sociedade, internamente dividida, discute, delibera e decide em comum para aprovar ou reiterar ações que dizem respeito a todos os seus membros.
(Marilena Chauí. Convite à filosofia. São Paulo: Ética, 1994).
     A democracia é subversiva. … subversiva no sentido mais radical da palavra.
     Em relação à perspectiva política, a razão da preferência pela democracia reside no fato de ser ela o principal remédio contra o abuso do poder. Uma das formas (não a única) é o controle pelo voto popular que o método democrático permite por em prática. Vox populi vox dei.
(Norberto Bobbio. Qual socialismo? Discussão de uma alternativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. Texto adaptado)
     Se você tem mais de 18 anos, vai ter de votar nas próximas eleições. Se você tem 16 ou 17 anos, pode votar ou não.
O mundo exige dos jovens que se arrisquem. Que alucinem. Que se metam onde não são chamados. Que sejam encrenqueiros e barulhentos. Que, enfim, exijam o impossível.
     Resta construir o mundo do amanhã. Parte desse trabalho é votar. Não só cumprir uma obrigação. Tem de votar com hormônios, com ambição, com sangue fervendo nas veias. Para impor aos vitoriosos suas exigências – antes e principalmente depois das eleições.
(André Forastieri. Muito além do voto. Época. 6 de maio de 2002. Texto adaptado).



                                                        Comício das Diretas-Já, 1984

     Quase coincidindo as datas, chega ao fim a Copa do Mundo de 2014 e foi dado o chute inicial para as eleições. Em 5 de outubro, as eleições de primeiro turno.

     Nossa República é montesquiana, no sentido de que o Estado é dividido em três poderes, dois dos quais renováveis através do voto: o Executivo e o Legislativo.

     Em 2014, serão eleitos o Presidente da República e, em cada Estado o Governador, ou seja, o Executivo Federal e o Executivo Estadual, respectivamente. Serão renovados ainda o Legislativo Federal e o Legislativo Estadual, com a eleição de um Senador por Estado, de Deputados Federais e de Deputados Estaduais. Em 8 e 9 de novembro, a prova do ENEM.

     Em 2002, com mais de 53 milhões de votos (cerca de 62% do total), as urnas deram a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República. Naquele ano, a prova do ENEM ocorreu em 25 de agosto, com 1.829.170 candidatos.

     Doze anos depois, como estarão os jovens que, em 2002 fizeram a prova do vestibular e deram provas de sua cidadania ao participarem das eleições? Serão, sem dúvida, muitas histórias pessoais que se fundem na mesma perspectiva de defesa da democracia, do direito de ser ouvido.

    Em 2014, 9.519.827 se inscreveram para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio e o exército de eleitores é de 141.824.607. Que mudanças qualitativas esperar desses números? Tudo indica que a sociedade continuará avançando na direção da democracia.

     Em 2026, como estará você, jovem de 2014 que, em menos de 40 dias, fará a prova de capacitação cidadã e a prova de capacitação vocacional e profissional? No meio deste caminho, muitas histórias pessoais. Mas há, sem dúvida, uma história especial nesse futuro: o crescer da cidadania, a certeza de que cada indivíduo se sentirá parte de um todo, mais humano, mais democrático.


domingo, 8 de junho de 2014

ETAPAS HISTÓRICAS DO CAPITALISMO

E                       ETAPAS HISTÓRICAS DO CAPITALISMO

     A crise estrutural do feudalismo proporcionou o surgimento de novas relações sociais de produção que formaram um novo modo de produção, o capitalismo, antítese do modo de produção feudal.

     O que define o modo de produção feudal são as relações servis de produção. No feudalismo, a economia era rural, fechada, a produção era consumida no próprio local, o feudo, e não havia estruturalmente a produção de excedentes. O trabalhador era o proprietário dos meios de produção, em sua oficina doméstica. A sociedade era estamental, baseada no nascimento, e os estamentos fundamentais eram o dos senhores e o dos servos. O poder político estava pulverizado, nas mãos dos senhores feudais, e não nas do rei, ou seja, a monarquia feudal era descentralizada. Entre os senhores, havia a relação de suserania e vassalagem, uma intrincada rede política que esvaziava o poder do rei.

     O que define o modo de produção capitalista são as relações assalariadas de produção. Na Antiguidade Clássica (Grécia e Roma), já havia propriedade privada, lucro monetário, acumulação de capital móvel, mas a força de trabalho definidora do sistema era escravista, não assalariada. Por isso, não havia capitalismo. No capitalismo, o trabalhador deixou de ser o proprietário dos meios de produção, recebendo apenas um salário como pagamento de sua força de trabalho. A produção é destinada ao mercado, onde é colocada em busca de lucro monetário. A sociedade é formada por classes, definidas pela renda, e não mais pelo nascimento. As classes definidoras da sociedade são a burguesia, proprietária dos meios de produção de capital e o proletariado, proprietário da força de trabalho, vendida ao capitalista em troca de um salário. Quanto ao poder político, na Idade Moderna era absolutista, centralizada no rei e, depois das Revoluções Burguesas, liberal, quer na forma republicana, quer na forma monárquica.

O PRÉ-CAPITALISMO (SÉCULO XII AO XV)


    O feudalismo entrou em crise estrutural. A busca de saídas para essa crise desembocou em novas relações, típicas do Renascimento Comercial e do Renascimento Urbano. O êxodo rural, a reabertura do Mediterrâneo ao comércio europeu, o nascimento da burguesia, as feiras, os polos de comércio, as rotas comerciais e o uso da moeda como instrumento de troca conviviam com estruturas feudais, como o trabalho servil, ainda dominante. Contudo, nas oficinas domésticas, os mestres de ofício, em épocas de aumento da procura, contratavam artesãos que trabalhavam por jornada (os jornaleiros), que recebiam pagamentos diários em dinheiro. Assim se originaram os assalariados.

O CAPITALISMO COMERCIAL (SÉCULO XV AO XVIII)

     A crise do século XIV, marcada conjunturalmente pela guerra, pela peste e pela fome foi uma crise de retração. Mas, no século seguinte, ocorreu o inverso, a crise de crescimento. A população voltou a crescer, assim como a necessidade de mercados produtores de matérias primas tropicais, insumos e metais amoedáveis. Se o Renascimento Comercial foi mediterrâneo (século XI ao XV), a Revolução Comercial foi atlântico. A circulação (sinônimo de comércio) de mercadorias tornou-se global, incorporando a América. Na Europa, a servidão entrou em franco retrocesso e o trabalho assalariado se generalizou. Na periferia do capitalismo comercial, ocorreu o renascimento da escravidão, especialmente na América. O Atlântico era a tela emoldurada por África, América e Europa, as duas primeiras como geradoras e a última como acumuladora de capital monetário. Assim, o comércio era a principal fonte de acumulação de capital, subordinando outras atividades, como a agricultura e a manufatura. A centralização política nas mãos do rei (absolutismo) foi estendida à centralização das decisões econômicas (mercantilismo).

O CAPITALISMO INDUSTRIAL (SÉCULO XVIII AO XX)


     A acumulação de capital comercial permitiu que a Inglaterra liderasse a Revolução Industrial. O surgimento da fábrica liquida, num certo prazo, outros tipos de indústrias pré-existentes, como o artesanal e a manufatureira. A transformação (sinônimo de indústria) superou a circulação como fonte geradora de capital. O trabalho assalariado foi universalizado. A produção em alta escala tornou incompatíveis outras formas de trabalho, como a escravidão (ainda existente na periferia do sistema) e a servidão (ainda existente na Europa, centro do sistema). As relações capitalistas de produção, assalariadas, se consolidaram. O longo processo de transição do feudalismo ao capitalismo, iniciado no século XI, chegou ao fim, no século XVIII.


O CAPITALISMO FINANCEIRO OU MONOPOLISTA (SÉCULOS XX E XXI)

     Nos últimos anos do século XIX e especialmente no século XX, as instituições financeiras, como bancos e outras grandes corporações, passaram a dominar completamente o sistema capitalista. O setor industrial, o comercial, o agrícola, o pecuarista, o de lazer, o do turismo, enfim, todos os outros, passaram a depender do setor financeiro. O capital passou a ser a principal fonte de capital. A fusão de empresas e o caráter internacionalizado explicam a existência do capitalismo monopolista, embora, no seu discurso, continue a falar em livre iniciativa, livre concorrência. 

sábado, 8 de fevereiro de 2014

ELEIÇÕES EM 2014

     Nesta pequena análise quantitativa sobre a importância das eleições presidenciais, não discutiremos a qualidade do voto, nem dos partidos, quer da situação, quer da oposição. O que nos interessa, neste texto, é a participação do povo na decisão do processo desta República, que completará 125 anos em 15 de novembro próximo. Propositadamente, são usaremos adjetivos. Daremos preferência aos números.
     A República brasileira nasceu de um golpe contra o Império, em 1889.
     De 1889 a 1894, os Presidentes Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, não foram eleitos pelo voto popular, mas pelo Congresso Nacional. Floriano nem foi eleito presidente, mas vice de Deodoro e assumiu a Presidência na renúncia deste, em 1891.
     De 1894 a 1930, os presidentes eram eleitos  pelo voto direto e aberto.  Foram, portanto, 36 anos de “República das Oligarquias”. As eleições foram marcadas pelo voto de cabresto, pelo curral eleitoral e a oposição não venceu nenhuma vez.
     Em 1930, Vargas assumiu o poder em um golpe, a chamada Revolução de 1930. Ficou até 1945, sem ser eleito pelo voto direto. Em 1934 foi eleito pelo Congresso Nacional e em 1937 continuou na Presidência após o golpe que instituiu o Estado Novo.
     De 1946 a 1964, portanto por 18 anos, os presidentes foram eleitos por voto direto, agora secreto, universal e estendido às mulheres e aos maiores de dezoito anos, desde que alfabetizados.
     De 1964 a 1985, na Ditadura Militar, os presidentes não eram eleitos diretamente pelos cidadãos, mas por um Colégio Eleitoral.
     No último ano da Ditadura, foram eleitos Tancredo Neves, para a Presidência e José Sarney, para a Vice-Presidência. Mas o voto ainda não foi popular. O Colégio Eleitoral deu a vitória aos eleitos. Sarney assumiu o cargo em 1985 e ficou até 1990.
     Portanto, durante 26 anos (1964 a 1990), os presidentes não foram eleitos diretamente pelo povo.
     Em 1990, voltamos a eleger diretamente o Presidente da República. Estamos em 2014. Portanto, há apenas 24 anos da posse de Collor, o primeiro a ser eleito diretamente após a Ditadura.
     Assim, em 125 da República a serem completados em novembro de 2014, durante 46 anos os presidentes não foram escolhidos pelo voto popular.  Esses números ficam mais contundentes se incluirmos esses 46 anos aos 36 da República das Oligarquias, em que o voto  de cabresto e o curral eleitoral impediam a vitória da oposição. Portanto, são 82 anos “sem povo”. Sobram, portanto, apenas 43 anos.