terça-feira, 23 de julho de 2013

TRÊS POESIAS DE JULHO

FRIO

Está frio,
 mas dedos nus
empunham  a caneta,
de onde jorram montanhas e anjos.
Afinal,
o poeta de plantão
é um professor em férias,
aguardando  o sinal para soltar o verso.
O giz
é exato, concreto.
A lousa é a razão cotidiana,
de Alexandre, São Thomás, Smith e Marx.
Mas o frio,
feito ladrão, invade o Tempo
e encontra a caneta grávida de espera,
no aguardo do parto do poema deixado pra depois.


MALAS DE MINAS

Se couberem em sua mala,
traga-me as montanhas
de curvas femininas,
nos dizeres de Drummond.

Traga-me também,
 em sua malamemória,
os sonhos de Liberdade,
ainda  que tardia.

Sem querer abusar,
desejo  as ondas do concreto
e o cão no altar
da  Igreja da Pampulha de Niemeyer.

Dos profetas de Aleijadinho,
quero apenas a bênção.
Cabe na mala ou na alma,
(é só questão de anagrama).

Se nada couber no embrulho,
desejo música do Clube da Esquina
quero um uai, um trem bão,
um cheirim de alecrim.

 PERGUNTAS DE UM PROFESSOR QUE LÊ

por que disputa?
por que competição?
por que não Colaboração?
por que não Harmonia?

imaginem Cientistas de mãos dadas,
não importa de que país ou empresa.
haveria ainda câncer?
gripe,malária, aids?

imaginem Trabalhadores de mãos dadas,
não importa de que campo ou fábrica.
ainda haveria desemprego?
prostituta, miséria e fome?

imaginem governantes, com o Povo de mãos dadas.
não importa de que Povo ou Tribo.
haveria ainda guerra?
bombas,destruição,mísseis?

imaginem, homens, todos os Homens de mãos dadas.
não importa a cor,sexo ou idade.
haveria ainda exploração?
violência, cadeia, agressão?

imaginem os Poetas de mãos dadas.
não importa de que estilo ou gênero.
haveria ainda ignorância?
brutalidade, desespero, alienação?

imaginem  a “Imagine” de Lenon uma Verdade,
não importa em que ritmo ou tom.
Haveria a bala assassina?
Bala, bala, bala?

câncerbomba,
mísseiSIDA,
Misériagressão,
Brutalidadesespero,
Fomecadeia?

Estado?  Guerra!
Estado? Fome!
Estado? Cadeia.