sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Maldição de Malinche (tradução)

A MALDIÇÃO DE MALINCHE
(Gabino Palomares)

Do mar eles viram chegar meus irmãos emplumados,
Eram os homens barbados da profecia esperada.
Ouviu-se a voz do monarca de que o Deus havia chegado
E lhes abrimos as portas por temer o ignorado.

Vieram montados em bestas como Demônios do mal,
Vieram com fogo nas mãos e cobertos de metal.
Só o valor de uns poucos lhes opôs resistência,.
E ao ver correr o sangue cobriram-se de vergonha.

Porque os deuses não comem nem gozam com o que é roubado
E quando nos demos conta, já tudo estava acabado.
E nesse erro entregamos a grandeza do passado,
E nesse erro ficamos trezentos anos escravos.

Restou-nos o malefício de brindar o estrangeiro
Nossa fé, nossa cultura, nosso pão, nosso dinheiro.
E continuamos trocando ouro por contas de vidro
E damos nossa riqueza por seus espelhos com brilho

Hoje, em pleno século XX nos procuram, chegando enrubescidos
E lhes abrimos a casa e os chamamos amigos.
Mas, se chega, cansado um índio de andar pela serra,
O humilhamos e o vemos como um estranho em sua terra.

Tu, hipócrita, que te mostras humilde diante do estrangeiro
Mas te voltas orgulhoso contra teus irmãos do povo
Oh, maldição de Malinche. enfermidade do presente,
Quando deixarás minha terra, quando libertarás minha gente?


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